A Conexsus reuniu em Manaus cerca de 40 representantes de negócios comunitários e instituições públicas, privadas e do terceiro setor para a 2ª Oficina Amazônia em Conexões, nos dias 12 e 13 de agosto de 2024. O evento, realizado na Casa de Retiro Mornese, foi um marco na construção de uma agenda de ativação do ecossistema regional dos territórios do Juruá e Purus, buscando impulsionar o desenvolvimento de cooperativas e associações locais que desempenham um papel essencial na conservação do bioma amazônico e no bem-estar das comunidades extrativistas.
Durante os dois dias de evento, o objetivo principal foi promover o diálogo e a construção coletiva de soluções para fortalecer negócios comunitários e garantir acesso a serviços essenciais, como assessoria em gestão, assistência técnica, soluções logísticas e de comercialização. Para Loyanne Feitosa, coordenadora do programa de Ativação de Ecossistemas Regionais da Conexsus, a oficina representou uma inovação: “Proporcionar um espaço de diálogo envolvendo os diferentes atores do ecossistema, como instituições públicas, privadas, ONGs, OSCIPs e negócios comunitários, é uma iniciativa inovadora. Esperamos que, a partir dessa interação, se estabeleça uma rede de colaboração que fomente soluções coletivas para alavancar os empreendimentos comunitários do Médio Juruá e Purus”, destacou.
A oficina permitiu que os representantes dos negócios comunitários identificassem os principais desafios para o desenvolvimento sustentável de suas atividades, como a dificuldade de acesso a crédito e mercados e a pouca articulação entre os diferentes atores. Silvia Helena, do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, destacou a importância dos encontros para o fortalecimento das lideranças locais. “Aquele momento da oficina é quando as lideranças fazem um resgate de tudo que vem sendo feito, um espaço para trocar experiências e levar informações de volta às suas organizações”, pontuou Silvia, ressaltando que tais eventos são essenciais para o fortalecimento das populações extrativistas.
Para José da Cruz, representante da Amaru, a oficina também foi uma oportunidade de aprendizado coletivo e troca de experiências entre as organizações. “Foi uma oficina muito bem trabalhada, que proporcionou discussões produtivas sobre os desafios do negócio comunitário e soluções possíveis. Pudemos entender melhor o que precisamos aprimorar e o que já temos em termos de infraestrutura e capacitação.” Segundo José, a Amaru, que trabalha com produtos da sociobiodiversidade como murumuru e andiroba, encontrou no evento o impulso necessário para buscar a certificação dos seus produtos e expandir a atuação da marca no mercado.
O segundo dia do evento foi dedicado à construção de uma agenda de ativação para o ecossistema de negócios comunitários, com cinco temas principais: acesso a financiamento, políticas públicas, ampliação de mercado, beneficiamento da produção e capacitação. Durante as atividades em grupo, Leandro Araújo, da Aspac, observou que a oficina foi fundamental para esclarecer os entraves logísticos e de comunicação enfrentados pelas associações na obtenção de editais e políticas públicas. “Muitas vezes, os editais não chegam até as associações em tempo hábil, e isso limita o acesso a oportunidades. Precisamos melhorar o acesso a esses recursos, que são essenciais para enfrentar os desafios locais”, destacou Leandro, apontando a importância de uma comunicação mais eficaz entre as instituições.
O evento foi encerrado com o mapeamento de soluções oferecidas pelas instituições participantes, que buscaram alinhar suas ofertas às necessidades dos negócios comunitários. A construção da agenda de ativação dos negócios do Médio Juruá e Purus representou um passo importante na busca por um ecossistema mais coeso e articulado, com o compromisso de instituições de diferentes setores em apoiar o desenvolvimento sustentável da Amazônia.