O último ano trouxe mudanças profundas. A gravidade da pandemia de Covid-19, que ainda vivemos, demandou adaptação, ao mesmo tempo que intensificou a busca por modelos econômicos e sociais inovadores, seja nas cidades, como no campo ou nas florestas.
Com a Conexsus, não foi diferente. O nosso terceiro ano de atividades foi marcado pela necessidade de repensar iniciativas e buscar novos caminhos para essa realidade desafiadora.
A suspensão, ou em alguns casos a redução do funcionamento, de serviços provocada pela pandemia afetou em cheio a rotina de produção e comercialização de cooperativas e associações agroextrativistas, agravando até mesmo vulnerabilidades anteriores às da epidemia.
Ainda em abril de 2020, em um levantamento com 131 negócios de base comunitária, perguntamos a essas organizações quais eram seus principais desafios. A redução no volume de vendas, a falta de espaço e caixa para manutenção dos custos de estoque e a escassez de capital de giro foram algumas das dificuldades apontadas.
As entrevistas serviram como base para a estruturação do Plano de Resposta Socioambientalà Covid-19, programa conjunto com a UNICAFES (União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária), o CNS (Conselho Nacional das Populações Extrativistas) e o Fundo Vale, em benefício desses produtores e extrativistas.
Mais de 10,5 mil produtores familiares de 82 negócios comunitários, em aproximadamente 32,6 mil hectares, acessaram R$ 6,4 milhões em financiamentos para sanar o problema da falta de acesso ao crédito na crise. Já em 2021 eles recebem o acompanhamento de assessoria personalizada para a garantia de sua autonomia na utilização e gerenciamento do crédito.
O ano que passou nos ensinou sobre a nossa capacidade de reinvenção e superação de obstáculos. Mas o surgimento do novo coronavírus também mostrou quão desastrosas podem ser as consequências do uso insustentável de ecossistemas. Ao reduzir a área do habitat natural para os animais, criamos as condições ideais para que novas doenças – incluindo os coronavírus – se espalhem.
Por muito tempo, temos explorado e destruído os ecossistemas do nosso planeta. A cada três segundos, o mundo perde área de floresta suficiente para cobrir um campo de futebol e, apenas no último século, destruímos metade de nossas áreas úmidas.
A perda de ecossistemas está privando o mundo de áreas que absorvem o excesso de carbono que cada vez mais são fundamentais para a humanidade. As emissões globais de gases de efeito estufa cresceram por três anos consecutivos e o planeta está a um passo de mudanças climáticas potencialmente irreversíveis.
O antídoto para esse modo produtivo que degrada é viabilizar um modelo que preserva. Por isso, apoiar negócios comunitários que investem no uso sustentável desses recursos é essencial para promover a conservação da natureza e garantir uma melhor qualidade de vida para esta e para as próximas gerações.
Neste 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade, e não por acaso aniversário de 3 anos do Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus), mais do que nunca reafirmamos a nossa missão em ativar o ecossistema de negócios comunitários, conservando os recursos naturais que sustentam as pessoas e o planeta.
Temos a felicidade e o privilégio de não estarmos sozinhos nesse projeto. O trabalho realizado pela Conexsus só é possível graças à uma rede de pessoas e organizações que constroem com a gente, a cada dia, soluções para que os negócios comunitários sejam cada vez mais viáveis economicamente e se tornem capazes de impactar toda cadeia produtiva e econômica, criando um modelo mais inclusivo e sustentável.
Restaurar ecossistemas significa prevenir, interromper e reverter esse dano – ir da exploração da natureza à cura. Logo mais, no dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, se dará início à Década das Nações Unidas para a Restauração do Ecossistema (2021-2030), uma missão global para reviver bilhões de hectares, de florestas a fazendas, do topo das montanhas ao fundo do mar, da qual fazemos parte.
Somente com ecossistemas saudáveis podemos melhorar a vida das pessoas, neutralizar as mudanças climáticas e impedir o colapso da biodiversidade. Mais do que nunca, o futuro começa hoje e não amanhã.