A sustentabilidade da Amazônia passa pelos negócios sustentáveis

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Por Valmir Ortega e Carina Pimenta

A conservação e a sustentabilidade da maior floresta tropical do planeta passam por um ecossistema de negócios sustentáveis, inovadores e conectados com os comportamentos de consumo emergentes. Essa não é uma conversa para o futuro, estes negócios já estão acontecendo. O que precisamos é tornar este ecossistema mais resiliente e adensado.

Durante todo o ano passado, a Conexsus mapeou mais de mil negócios comunitários sustentáveis em todo o país, 396 somente no bioma Amazônia, correspondendo à maior fatia, 36,5% do total. São cooperativas e associações baseadas na produção familiar, extrativista e sociobiodiversa.

São negócios que ajudam a proteger a floresta. Do total mapeado, 141 trabalha com produtos originados em reservas extrativistas, 57 em terras indígenas e 43 em comunidades quilombolas. Territórios que estão entre os mais protegidos da Amazônia, invariavelmente, com cobertura florestal maior do que as demais categorias fundiárias presentes no bioma.

Geram trabalho, renda e movimentam a economia local, apesar de todos os desafios que se apresentam. Desafios já bem conhecidos de quem trabalha com negócios de impacto, como acesso ao crédito, domínio de ferramentas de gestão, acesso ao mercado e assistência técnica rural. Assim como remuneração justa, que garanta melhores condições de vida para as famílias.

A maioria dos negócios que a Conexsus mapeou na Amazônia tem produção agroecológica ou orgânica e adota boas práticas de manejo. Quase 10% a caminho de atenderem certificações de origem e bem-estar animal. Ou seja, são negócios que atendem ao comportamento emergente de consumo, principalmente do público urbano.

Não foi surpresa que castanha-do-brasil, cacau e açaí tenham aparecido em primeiro lugar na demanda de produtos sustentáveis das mais de 100 empresas que se engajaram no movimento Negócios pela Terra. Lançamos este movimento em junho, mapeando a demanda dos compradores para promover rodadas de negócios entre a produção sustentável já identificada e as necessidades de compra de quem está conectado ao mercado consumidor.

Há demanda e há produção disponível. O que falta aos negócios comunitários de impacto da Amazônia – e de todo o Brasil – é ter facilitado o acesso ao mercado de consumo para os seus produtos sustentáveis e com potencial de comprovação de origem. Este é o papel que a Conexsus quer desempenhar nesse ecossistema, de conexão entre os diversos atores que já estão trabalhando pela economia de baixo carbono, sustentável, justa.

Neste Dia da Amazônia, nossa mensagem é de esperança. Juntos, em rede, podemos viabilizar soluções em escala que beneficiarão a todos e, principalmente, às comunidades que vivem da floresta e, com seus conhecimentos tradicionais, despenham um papel de relevância incalculável para o planeta hoje e no futuro.