Acordo de cooperação entre Conexsus e Associação Bean to Bar Brasil fortalece cooperativas e associações do Pará e da Bahia

Voltar para Notícias

A iniciativa tem entre seus objetivos ativar as relações comerciais e parcerias estratégicas entre produtores de cacau fino e chocolateiros.

Tanto a Conexsus quanto a Associação Bean to Bar Brasil estão engajadas em projetos e atividades que visam desenvolver o produtor de cacau e suas respectivas cooperativas e associações, nos estados do Pará e da Bahia, com o propósito de capacitar, financiar e promover acesso a mercados. 

“Esse acordo de cooperação significa uma grande oportunidade de qualificarmos e ampliarmos parcerias comerciais entre negócios comunitários que trabalham com cacau e outros ingredientes utilizados na fabricação de chocolates e os chamados chocolateiros, ou as indústrias de chocolate associadas à Bean to Bar. É uma oportunidade de ampliar os mercados para nossas comunidades que manejam o cacau na Amazônia e na Mata-Atlântica, de forma sustentável”, destaca o líder do Núcleo Inteligência de Mercados da Conexsus, Arnoldo de Campos. 

Diferente da indústria que tem uma cadeia longa, com atravessadores, intermediários, e  quase sempre usa na produção de chocolate derivados industrializados do cacau, a Bean to Bar tem cadeia curta: o produtor de cacau, o produtor de chocolate, às vezes, um revendedor e o consumidor final. Outra característica fundamental é o fato de usar apenas a amêndoa de cacau na produção do chocolate, o que garante qualidade de excelência ao produto. 

“A Associação conta com cerca de 60 membros no Brasil inteiro. São pequenos produtores de chocolate que compram as amêndoas diretamente dos produtores de cacau. Temos na Associação esses dois perfis, produtores de cacau e de chocolate. Por isso a importância do acordo de cooperação com a Conexsus, que atua de forma muito próxima aos pequenos  produtores e aos negócios que produzem impacto socioambiental. Vemos na Conexsus um forte parceiro na articulação com esse primeiro elo da nossa cadeia, que são os pequenos produtores de cacau ou de outras frutas que usamos”, explica o presidente da Associação Bean to Bar, Bruno Lasevicius.

Na Bean to Bar, o cacau sempre é de origem conhecida e de acordo com a responsabilidade social e ambiental; O preço do quilo é definido pelo produtor e não pelo comprador ou mercado de commodity. Imagem: Divulgação Bean to Bar.

No acordo de cooperação estão previstas diversas ações que objetivam o desenvolvimento dos produtores rurais e dos negócios comunitários que produzem cacau fino,

tanto em regiões de várzea, como de cultivo agroflorestal. Esse caminho será percorrido por meio de estratégias estabelecidas como capacitação de produtores e negócios comunitários, através de soluções inovadoras em formação de competências, na produção de cacau fino, direcionado à indústria chocolateira de alta qualidade; fomento de arranjos e protocolos de comercialização no âmbito dos mercados responsáveis, com o objetivo de alianças comerciais de longo de prazo entre negócios comunitários, chocolateiros artesanais e indústrias de chocolate fino; facilitação do acesso a soluções financeiras para a indústria chocolateira de alta qualidade, para ativar o comércio da indústria com os negócios comunitários de impacto socioambiental, dentre outras.

“A parceria entre Conexsus e Bean to Bar permite a incorporação de abordagens e princípios inovadores da inteligência de mercados, orientado e customizado às necessidades e aspirações de um dos negócios cacaueiros mais relevantes do Brasil, reduzindo distâncias, facilitando diferentes soluções de comercialização de produtos dentro de um arcabouço de comércio justo e promovendo um setor da bioeconomia de fortíssimo impacto social e ambiental ”, destaca a diretora executiva da Conexsus, Barbara Brakarz.

Áreas de cooperação

A cooperação estabelecida entre Conexsus e Associação Bean to Bar está pautada em propósitos bem estabelecidos para negócios comunitários e indústrias na Amazônia Brasileira e na Mata Atlântica. 

Entre eles estão apoio para o aprimoramento da gestão e governança desses empreendimentos, bem como fortalecimento da capacidade institucional, da viabilidade econômico-financeira, das práticas produtivas sustentáveis e da inserção nos mercados; o desenvolvimentos de  estratégias conjuntas de capitalização de negócios comunitários de impacto socioambiental, seja através de ações coordenadas de captação de recursos não-reembolsáveis para ampliação do leque de serviços a serem disponibilizados e aportados aos negócios comunitários, seja através de soluções voltadas a ampliar o acesso a financiamentos e outros recursos reembolsáveis, contribuindo com a capitalização de cooperativas e associações; bem como, a promoção de soluções conjuntas que contribuam para uma melhor assistência técnica produtiva para produtores e produtoras rurais e extrativistas, com foco específico nas unidades familiares vinculadas a atividades produtivas que conservam o solo, restauram paisagens e preservam florestas. 

“A construção de parcerias entre compradores da indústria chocolateira e as comunidades produtoras de cacau não ocorre a partir de um estalar de dedos. Existem desafios de ambas as partes. No caso dos negócios comunitários e dos produtores e produtoras a eles associados, existem desafios relacionados à qualidade do cacau produzido, melhoria da organização dos produtores, certificações, rastreabilidade, ampliação de capacidades de produção e beneficiamento, entre outros desafios que demandam acompanhamento técnico, capacitação, financiamento e soluções específicas que buscaremos juntos, cada um em suas capacidades. E também vamos trabalhar juntos para buscar mais apoio e recursos para essa cadeia tão importante para a conservação dos nossos biomas e para a geração de renda das nossas comunidades”, explica Arnoldo de Campos.

Cenários e expectativas

No atual cenário para os negócios comunitários, sob o ponto de vista de acesso a mercados, o líder do Núcleo de Inteligência de Mercados da Conexsus enxerga o presente e o futuro com otimismo. “Em outros tempos, o acesso aos mercados esbarrava na falta de compradores, na incompreensão da importância dos produtos da sociobiodiverdidade. Hoje ainda temos que avançar, mas o cenário é melhor, temos um mercado com mais vontade de comprar, e que pode valorizar mais os produtos da sociobiodiversidade”. Contudo, Campos também lembra que ainda existem muitos desafios a superar no âmbito dos negócios comunitários e dos compradores. 

Essa avaliação é compartilhada também por Bruno Lasevicius. “O cenário brasileiro para os negócios da sociobiodiversisdade ainda é muito desafiador. As cadeias produtivas, de modo geral, ainda são muito desarticuladas, os pequenos produtores convivem com grandes dificuldades de organização, as cooperativas têm estruturas muito frágeis, dificuldade de acesso à crédito, assistência técnica ou de acesso à logística, assim como também enfrentam muita dificuldade de acesso à possibilidade de emitir um documento fiscal para poder realizar uma venda, por exemplo”.

Existe também o desafio dos compradores. “Eles precisam melhorar as formas de relacionamento comercial, as políticas de compras, de pagamento, os contratos, dar mais estabilidade e previsibilidade aos fornecedores. E esse é o trabalho da Conexsus, ajudar a superar estes desafios, trazendo soluções, conectando parceiros, melhorando o ambiente em que se desenvolvem estes negócios”, conclui Arnoldo de Campos.