AtivaCred reuniu ativadores e ativadoras de crédito socioambiental em Ituberá, Sul da Bahia, de 16 a 18 de abril de 2024. Fotos: Oxe Agência de Comunicação
A busca por acesso justo ao crédito rural e a promoção de práticas sustentáveis na produção agrícola, especialmente no campo da sociobiodiversidade, são desafios persistentes no Brasil. No entanto, iniciativas como o AtivaCred III, evento que promove a capacitação da Rede de Ativadores e Ativadoras de Crédito Socioambiental em todo o país, no âmbito das ações do CrediAmbiental, um Programa da Conexsus, estão mudando este cenário. A CrediAmbiental e sua Rede de Ativadores de Crédito Socioambiental tem como principal objetivo desbloquear o acesso ao crédito, como o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), direcionando financiamentos para unidades familiares de produção ligadas à sociobiodiversidade. Por meio de orientação técnica, desenvolvimento de capacidades locais e parcerias estratégicas, a CrediAmbiental busca melhorar a produção, aumentar a renda e promover a sustentabilidade nas comunidades rurais, como explica Fernando Moretti, líder do Núcleo de Crédito Socioambiental da Conexsus.“Essa rede tem por objetivo destravar o Pronaf, o principal programa nacional de fortalecimento da agricultura familiar que, infelizmente, não chega para as cadeias da sociobioeconomia”.
O terceiro AtivaCred ocorreu na Bahia, de forma regionalizada, reconhecendo as diversas necessidades de cada território. Paula Pannain, mentora do programa na região Sul da Bahia, destaca a abordagem ativa e direcionada para a aprendizagem de adultos, cobrindo uma ampla gama de temas essenciais para os participantes. “São abordados diversos temas para a necessidade daquele território. Dentro desses temas, a gente pode citar o uso e aprendizagem de ferramenta de organização para que os ativadores consigam aprender, planejar as suas atividades em campo, fazer o diagnóstico dessas famílias, elaborar os projetos de crédito e fazer o acompanhamento de todo o projeto de crédito antes, durante e depois”, explica.
Além disso, a participação de cooperativas, como a Coopermata, tem sido fundamental para o sucesso da iniciativa. Josué Castro, presidente da cooperativa, relata que a parceria com a CrediAmbiental resultou na liberação de mais de R$ 2 milhões em crédito rural para agricultores familiares, fortalecendo a atuação da Coopermata e atendendo às necessidades dos cooperados.
“Para nós, aqui da Coopermata, fazer parte da CrediAmbiental tem surtido muito efeito para gente. Temos conseguido destravar bastante crédito para a agricultura familiar que é o público alvo da cooperativa. Temos ainda vários projetos que estão em andamento para também serem aprovados e liberados pelas instituições financeiras. Então esse trabalho, junto a CrediAmbiental, tem fortalecido muito a atuação da Coopermata no sentido de atender as necessidades dos cooperados por meio desse serviço tão importante que é o crédito rural para os nossos agricultores”, comemora.
Outro aspecto crucial para o acesso ao crédito é a regularização fundiária. Dayse Azevedo, engenheira ambiental, destaca a importância do Cadastro Estadual Florestal Rural (Cefir) como uma ferramenta essencial para a obtenção de financiamentos agrícolas, fornecendo uma base de dados para o planejamento e monitoramento das atividades rurais na Bahia. “O Cefir nada mais é que uma plataforma que vai cadastrar imóveis rurais, formando uma base de dados para planejamento e monitoramento de dados do estado da Bahia. A vantagem do Cefir é que a gente tem imóveis rurais totalmente regularizados em que possamos obter, principalmente, financiamentos agrícolas junto aos bancos e agências financiadoras”.
João Victor, mentor de crédito da Conexsus, ressalta que o crédito rural deve ser adequado às necessidades dos agricultores, visando o desenvolvimento sustentável e a capacidade de pagamento e explica um pouco mais sobre como funciona o acesso ao crédito: “A Conexsus auxilia os produtores para acessar essas linhas de crédito desde o início, onde é feito todo o levantamento de documentação necessária. A partir do momento que a gente tem toda a documentação, a gente vai sentar com o produtor e ver a necessidade do crédito dele. E dentro disso, a gente conversa com ele para determinar em quais etapas ele vai usar o crédito. Como sempre falamos dentro da CrediAmbiental: crédito bom é aquele que ele consegue pagar. Então tem que vir de acordo com a necessidade do agricultor e a gente faz todo esse trabalho de acompanhamento do começo ao fim”.
O AtivaCred III representa não apenas uma oportunidade de capacitação, mas também um passo importante rumo à construção de uma agricultura mais justa, sustentável e inclusiva no Brasil. Ao fortalecer a capacidade dos Ativadores de Crédito e promover parcerias eficazes, iniciativas como essa têm o potencial de transformar comunidades rurais e impulsionar o desenvolvimento socioeconômico em todo o país.
