Conexsus lança no Norte de Minas o Núcleo de Desenvolvimento da Sociobioeconomia do Cerrado

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Fórum em Montes Claros (MG) une comunidades, cooperativas e parceiros para fortalecer redes regionais e impulsionar a bioeconomia de base comunitária

Nos dias 14 e 15 de outubro de 2025, Montes Claros (MG) sediou o Fórum de Ativação de Ecossistemas Regionais de Negócios Comunitários da Sociobioeconomia, um encontro que reuniu 50 lideranças de cooperativas, associações, comunidades tradicionais, organizações da sociedade civil, universidades e órgãos governamentais do Norte de Minas Gerais. O objetivo foi promover o desenvolvimento colaborativo e participativo da agenda de ativação de ecossistemas no território.

O evento dá continuidade às ações do Programa de Ativação de Ecossistemas Regionais no Bioma Cerrado, implementado pela Conexsus. Em julho, o primeiro encontro do programa promoveu a Oficina de Mapeamento de Negócios Comunitários, na qual foram identificadas diretrizes, soluções e oportunidades para o fortalecimento da bioeconomia local.

Loyanne Feitosa, coordenadora do Programa de Ativação de Ecossistemas Regionais de Negócios Comunitários, apresentou durante o evento a metodologia para criação dos PAERs (Planos de Ativação de Ecossistemas Regionais), enfatizando a importância de fortalecer redes locais e promover conexões entre os diferentes atores do território. Destacando que a ativação de um ecossistema depende da articulação entre organizações comunitárias, cooperativas, instituições públicas e parceiros estratégicos, capazes de atuar de forma integrada para impulsionar a sociobioeconomia e os negócios de base comunitária. 

O encontro também marcou o lançamento do Núcleo de Desenvolvimento da Sociobioeconomia do Cerrado, uma iniciativa conjunta da Conexsus com o Ministério do Meio Ambiente (MMA). O Núcleo tem como objetivo fortalecer redes de cooperação, ampliar oportunidades para negócios comunitários e consolidar práticas produtivas sustentáveis, impulsionando a economia de base comunitária no bioma Cerrado, com foco especial na região Norte de Minas Gerais.

 

Plano de Ativação de Ecossistemas Regionais (PAER)

O Fórum simboliza um novo passo no desenvolvimento da sociobioeconomia regional, ao reunir diferentes atores para a elaboração participativa e formulação coletiva do Plano de Ativação de Ecossistemas Regionais (PAER). Esse instrumento estratégico orientará as ações conjuntas entre a Conexsus, parceiros e negócios comunitários do Cerrado, promovendo o fortalecimento das cadeias produtivas, o acesso a mercados e crédito, a inclusão de novas soluções produtivas e a ampliação da governança territorial. O PAER é o resultado de um processo participativo que reflete as prioridades, demandas e potencialidades das comunidades locais, consolidando uma visão integrada de desenvolvimento sustentável e de direcionamento estratégico para 2026.

 

 

Estiveram presentes 13 organizações representativas do Cerrado mineiro, que integram o Núcleo de Desenvolvimento da Sociobioeconomia do Cerrado pela Conexsus:

  • Cooperativa Regional de Produtores Agrissilviextrativistas Sertão Veredas (COOPSERTÃO VEREDAS); 
  • Associação dos Usuários da Sub-Bacia do Rio dos Cochos (ASSUSBAC); 
  • Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas do Vale do Peruaçu (COOPERUAÇU); 
  • Cooperativa de Agricultores Familiares e Agroextrativistas Ambientais do Vale do Riachão (COOPERRIACHÃO); 
  • Cooperativa dos Agricultores Familiares e Agroextrativistas Grande Sertão (GRANDE SERTÃO); 
  • Cooperativa de Agricultores Familiares Agroextrativistas e dos Trabalhadores no Processamento dos Frutos do Cerrado do Norte de Minas Gerais (COOPANORTE); 
  • Cooperativa Regional Agroextrativista Mulheres do Cerrado (MULHERES DO CERRADO); 
  • Núcleo Gestor da Cadeia Produtiva do Pequi e Outros Frutos do Cerrado (NÚCLEO DO PEQUI); 
  • Cooperativa de Agricultores Agroextrativistas de Água Boa II (COOPAAB); 
  • Cooperativa de Agricultores Familiares Agroextrativistas Vereda Funda (COOPAV); 
  • Cooperativa de Restauradores do Cerrado Mineiro (COOCREARP); 
  • Associação Sementes do Paraíso (Sementes do Paraíso); e 
  • Cooperativa dos Produtores Associados da Bacia do Rio São Francisco (COPABASE). 

Juntas, essas instituições vêm promovendo o desenvolvimento de uma sociobioeconomia territorialmente enraizada, articulando soluções para o acesso a mercados sustentáveis, a restauração ambiental e a inclusão social nos territórios do Cerrado.

Promovido pela Conexsus (Instituto Conexões Sustentáveis), o Fórum foi realizado em parceria com Arapyaú, The Nature Conservancy (TNC), UK PACT, CLUA (Climate and Land Use Alliance) e Fundo Vale, e contou com a contribuição técnica e institucional de organizações regionais, como o Núcleo do Pequi, a Cooperativa Grande Sertão e a Central do Cerrado, negócios que são referências nacionais na promoção da sociobioeconomia e no fortalecimento de empreendimentos comunitários de impacto socioambiental no Cerrado.

 

 

Cerrado: território vivo e colaborativo

A participação inclusiva e colaborativa dos negócios comunitários do Norte de Minas Gerais na construção e implementação de uma agenda de ativação e no Plano de Ativação de Ecossistemas Regionais (PAER) representa um passo decisivo para o fortalecimento da sociobioeconomia na região. Essa mobilização, que envolve diferentes atores locais, colabora para o empoderamento dos territórios, o compartilhamento de experiências e a troca de conhecimentos entre comunidades, cooperativas e parceiros.

Segundo Nondas Ferreira da Silva, articulador de Ecossistemas Regionais do Cerrado, a sociobioeconomia é uma das principais estratégias para alinhar conservação ambiental e desenvolvimento econômico.

“O Fórum de Ativação de Ecossistemas Regionais, realizado em Montes Claros, nos traz uma compreensão sobre quais são as soluções, redes e parcerias estratégicas, e, ao mesmo tempo, transformar esse entendimento em planos e instrumentos concretos de ativação, como o PAER (Plano de ativação de ecossistemas regionais),  criando um ambiente favorável ao desenvolvimento dos negócios comunitários aqui no cerrado Norte Mineiro”.

 

A sociobioeconomia, enquanto estratégia de conservação ambiental e de desenvolvimento econômico, é fundamental de ser promovida no Norte de Minas. Dentro dela, um papel crucial é desempenhado pelos negócios comunitários, que promovem inclusão produtiva, organização da produção e inserção nos mercados. Esses empreendimentos precisam ser fortalecidos por uma rede de cooperação entre diversos atores, com soluções adequadas para que possam crescer e se consolidar economicamente.

Pedro Frizo, diretor de operações da Conexsus, destaca que esse é um trabalho que a Conexsus vem realizando em diferentes territórios da sociobioeconomia, e que está muito animado em implementar essa metodologia no Cerrado, respeitando as particularidades e valorizando as cadeias de valor e os modos de vida locais. Sendo esse o nosso compromisso com o horizonte de trabalho para os próximos anos, junto aos parceiros reunidos durante a oficina e o Fórum. 

 

 

O Mercadinho do Cerrado: sabores e histórias que conectam

Um dos momentos mais simbólicos do Fórum foi o Mercadinho do Cerrado, um espaço que celebrou a riqueza dos saberes tradicionais, a diversidade dos produtos regionais e a força da produção comunitária. A atividade reuniu produtores, cooperativas, parceiros e visitantes em uma grande vitrine de experiências, cheiros e sabores que expressam a identidade do Cerrado e a criatividade das comunidades do Norte de Minas.

Entre os produtos expostos, destacaram-se:

  • Castanha de pequi e castanha de baru, produzidas pela Cooperativa Regional Agroextrativista Mulheres do Cerrado, que valorizam o extrativismo sustentável e o protagonismo das mulheres na cadeia produtiva do Cerrado. 
  • Café orgânico, da Cooperativa de Agricultores Familiares Agroextrativistas Vereda Funda (COOPAV), expressão da agricultura familiar com manejo responsável e forte identidade territorial. 
  • Kits de sementes nativas, da Associação Sementes do Paraíso, que fomentam a restauração ecológica e fortalecem a agrobiodiversidade local. 
  • Óleo de macaúba e sabão de macaúba, produtos que agregam valor às cadeias de frutos nativos e difundem práticas produtivas sustentáveis de base comunitária. 

Além desses, o Mercadinho contou com uma ampla variedade de doces, polpas, farinhas, geleias e produtos à base de pequi e baru, compondo uma vitrine afetiva e econômica do Cerrado. Cada produto apresentado traduzia histórias de luta, preservação e amor pelo território, e mostrava como a sociobioeconomia se materializa em iniciativas reais, que unem desenvolvimento sustentável com produção local.

 

 

Cultura que pulsa, Caboclos do Cerrado

A apresentação cultural dos Caboclos do Cerrado, conduzida por Maria do Socorro Pereira Domingos, reconhecida como Mestra dos Caboclos, foi um dos momentos mais marcantes do evento. A performance emocionou o público e reafirmou a dimensão simbólica e espiritual do território, traduzindo em canto e movimento a essência do Cerrado e a força de seu povo.

 

 

Com cortejo, cantos, percussões e instrumentos musicais, o grupo conduziu uma celebração que evocou ancestralidade, pertencimento e inclusão da cultura local nas ações da Conexsus, conectando tradição e novas gerações por meio da arte e da coletividade. A apresentação não apenas encantou, mas também relembrou a importância de preservar a cultura popular como parte essencial da identidade dos povos do Cerrado.

Essa vivência cultural reforçou que a sociobioeconomia vai muito além dos números. Ela é feita também de memória, identidade e espiritualidade, elementos que sustentam os modos de vida locais e inspiram novas gerações a continuarem cultivando e protegendo o legado de suas comunidades.

 

 

Cadastro de Empreendimentos Comunitários da Bioeconomia

Encerrando o Fórum, foi apresentado o Cadastro de Empreendimentos Comunitários da Bioeconomia, uma iniciativa liderada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), por meio da Secretaria Nacional de Bioeconomia, com o apoio técnico da Conexsus e da Fundação Arapyaú. O instrumento visa mapear, reconhecer e dar visibilidade aos empreendimentos comunitários que integram a sociobioeconomia brasileira, fortalecendo o papel estratégico das organizações de base na transição para uma economia de baixo carbono e de inclusão social.

Apresentado por Bruna De Vita Silva Santos, diretora do Departamento de Políticas de Estímulo à Bioeconomia, o Cadastro Nacional da Sociobioeconomia integra o Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio) e tem como objetivo subsidiar políticas públicas e programas estratégicos, como o Prospera, que oferece assessoria técnica, capacitação e apoio à gestão de empreendimentos comunitários em todo o país.

 

No âmbito do Plano de Ativação de Ecossistemas Regionais (PAER), o mapeamento das ações e resultados em construção evidencia o esforço conjunto para estruturar uma rede integrada de colaboração entre comunidades, cooperativas e parceiros institucionais. A proposta visa alinhar dados e informações territoriais, conectar cadeias produtivas sustentáveis e criar mecanismos de governança compartilhada, fortalecendo o papel dos negócios comunitários na sociobioeconomia do Cerrado e ampliando sua inserção em mercados diferenciados.

O Cadastro representa um marco de reconhecimento e inclusão dos povos e comunidades tradicionais, dos agricultores familiares e dos empreendimentos que mantêm viva a conexão entre produção, conservação e cultura, pilares da sociobioeconomia presente no Norte de Minas e em todo o Cerrado brasileiro.