Troca de experiências, escuta ativa e busca por soluções deram o tom da iniciativa ao longo de 2018. Conhecimento adquirido é fundamental para novas etapas
Em 2019 o Desafio Conexsus iniciou uma nova etapa: o Ciclo de Desenvolvimento, que coloca em prática iniciativas de construção conjunta de soluções para empreendimentos de base comunitária. Fazem parte do Ciclo uma jornada de aceleração e três laboratórios – de modelagem de negócios, de finanças e de comercialização – que serão co-criados em conjunto com especialistas e parceiros do Desafio. Para chegar até essa etapa, foi necessário levantar dados, coletar informações, promover a troca de experiências, aprendizados e estabelecer critérios de análise e desenvolvimento.
Esse foi o foco das atividades do Desafio em 2018. Lançado em maio, o trabalho começou com o mapeamento de mais de mil negócios comunitários sustentáveis em todo o Brasil, num esforço conjunto com cerca de 40 parceiros realizado de maneira intensiva até julho. As organizações mapeadas preencheram um cadastro online no site do Desafio, em que responderam diversas questões sobre seu perfil social, de produção, de mercado e financeiro.
De junho a outubro de 2018, foram realizadas 13 oficinas regionais que abrangeram 264 organizações de variados perfis de todo o país e contaram com a participação de 66 parceiros e apoiadores. Essa etapa gerou um vasto conjunto de aprendizados, com trocas de experiências, informações e ideias de ações que podem contribuir para o desenvolvimento de negócios comunitários sustentáveis.
“O objetivo foi conhecer melhor os empreendimentos mapeados, captar toda a diversidade dos modelos e de cada região, escutar experiências, demandas, e identificar os principais desafios e indicativos de soluções”, resume a diretora de operações da Conexsus, Carina Pimenta. As oficinas foram focadas em três grandes temas, os desafios modelo de negócio, comercialização e finanças, que, segundo Carina, foram vistos de maneira conjunta, uma vez que estão conectados e são interdependentes na busca de resultados.
O conhecimento e as informações coletadas, bem como as trocas de experiências são agora referências e fontes de inspiração para próximos passos, segundo a coordenadora do Desafio Conexsus, Monika Röper. “Os aprendizados e conhecimentos acumulados ao longo desta etapa são fundamentais para avançar no foco do Desafio, de desenvolver mecanismos de apoio e novas soluções, em rede e junto a parceiros, que sejam adequadas para os negócios comunitários sustentáveis”. Os principais achados das oficinas estão sistematizados no documento Oficinas Regionais de Negócios Comunitários Sustentáveis – Experiências e Aprendizados (confira na íntegra o documento pelo link ao final do texto).
Dentre os aspectos identificados, está o de que, para a uma grande parte das organizações, o conceito de modelo de negócio é ainda novo. Mais que ligado à gestão, o modelo de negócio é uma forma de desenhar a estrutura da organização para que se torne mais eficiente dentro de sua realidade, segundo o consultor técnico integrante da equipe do Desafio, Fragoso Júnior. Ele destaca que o grande desafio é unir no cerne do empreendimento a geração de valor sobre os produtos, bons resultados de performance e também ônus social e ambiental. “Às vezes, se coloca uma energia tão intensa na parte produtiva que se esquece de olhar a organização como um todo. O principal ponto desse desafio é promover a reflexão da organização sobre si, reconhecer o empreendimento como negócio e desenvolvê-lo como um organismo vivo”, detalha.
Apesar de boa parte dos empreendimentos possuírem boa organização social e capacidade produtiva, ainda é necessário em muitos casos acompanhamento e orientação para que cresçam e ampliem a comercialização, para também gerar mais renda para os produtores. A participação e o engajamento dos cooperados aparece em muitos casos como um ponto de fragilidade, como observa Gustavo Assis, consultor técnico e membro da equipe do Desafio Conexsus. “É preciso despertar a cultura da participação nas organizações comunitárias. Com mais envolvimento interno, estratégias de abordagem territorial e a união com parceiros próximos, elas podem se desenvolver mais rápido”, comenta.
No âmbito financeiro, a maior demanda é por recursos para capital de giro, que podem viabilizar a compra antecipada e o pagamento à vista dos produtos para os associados ou cooperados, segundo o especialista em crédito rural João Luiz Guadagnin, da Conexsus. “Essa dificuldade pode ser superada com decisões e ações das organizações, como regularizar sua documentação e de seus associados, ampliar o planejamento financeiro, estabelecer formas de aproximação com os agentes financeiros e compradores, ter alguma reserva”, analisa. Segundo Guadagnin, ações de orientação, apoio na gestão dos negócios, melhoria das relações com os associados e os agentes externos podem ajudar a solucionar esses desafios.
Realizadas as oficinas, o foco agora é na formação de uma rede, que pretende auxiliar no encontro entre atores, formação de parcerias e crescimento mútuo do ecossistema de negócios sustentáveis. O diretor-executivo da Conexsus, Valmir Ortega, explica que com o ciclo, se espera gerar mais experiências e conhecimento que podem ser replicados na rede. “Nas oficinas, percebíamos muitas vezes oportunidades de negócio entre organizações que antes não se conheciam. Ativar essa rede com cooperação imediata e irradiar isso para além das que participaram das oficinas ou vão participar do Ciclo é o que queremos fortalecer daqui para a frente”, destaca.
Confira na íntegra o documento Oficinas regionais de Negócios Comunitários Sustentáveis do Desafio Conexsus – Experiências e aprendizados
Confira também as matérias sobre cada uma das oficinas: