Desafio Conexsus inicia atividades do Ciclo de Desenvolvimento

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Participantes da Jornada de Aceleração recebem visitas para definir planos de trabalho e Laboratório de Modelagem inicia processo de identificação de empreendimentos

Ciclo de Desenvolvimento será co-criado pela equipe do Desafio Conexsus em conjunto com parceiros, especialistas e projetos com foco no desenvolvimento de negócios comunitários sustentáveis. Foto: Aloyana Lemos

Após o período de diagnósticos, planejamento e desenho do Ciclo de Desenvolvimento, o Desafio Conexsus dá início às atividades que irão se desenvolver ao longo do primeiro semestre de 2019. A iniciativa é realizada pela Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis e tem como objetivo objetivo impulsionar o potencial econômico e socioambiental dos negócios comunitários sustentáveis, para que participem ativamente e de forma mais justa das cadeias produtivas e de valor. O processo acumula informações obtidas por meio de um mapeamento, oficinas regionais e um diagnóstico para poder identificar, apoiar, incentivar e criar oportunidades diferenciadas de desenvolvimento, crescimento e investimento para organizações produtivas de base comunitária.

Agora, o Ciclo de Desenvolvimento colocará em prática uma sequência de iniciativas de construção conjunta de soluções para cerca de 70 das organizações participantes do Desafio Conexsus, com a realização de uma jornada de aceleração e de laboratórios de modelagem de negócios, finanças e comercialização. “Ao longo de 2018 acumulamos uma série de informações e aprendizados. Com isso estamos desenhando e dando início a essas experiências co-criadas em busca de resultados que sejam interessantes não só para os participantes diretos desta jornada e dos laboratórios, mas para todos os mais de mil negócios mapeados pelo Desafio”, explica a diretora de operações da Conexsus, Carina Pimenta.

Para a reflexão conjunta, o aprimoramento e a sistematização de aprendizados ao longo de todo o processo, foi formado um grupo de acompanhamento e aprendizagem do Ciclo de Desenvolvimento, definido durante uma reunião realizada com os parceiros do Desafio no final de 2018, como detalha a coordenadora do Desafio, Monika Röper. “É um grupo formado por parceiros, que vai acompanhar as atividades do Ciclo em conjunto com a Conexsus e especialistas. É uma plataforma adicional de engajamento, para além das várias formas de participação dos parceiros em todas as iniciativas”, diz.

A Semente Negócios também atua no desenho e co-realização do Ciclo. A parceria estratégica com o Desafio Conexsus tem foco na implementação de programas de incubação, modelagem e aceleração de negócios comunitários em todo o Brasil. A Semente já co-criou com a Conexsus a metodologia de Avaliação de Potencial Econômico de Negócios Comunitários e agora atua diretamente na Jornada de Aceleração e no Laboratório de Modelagem de Negócios Sustentáveis. Referência em educação empreendedora e desenvolvimento de negócios inovadores desde 2011, a Semente tem uma metodologia própria de desenvolvimento e aceleração de negócios inovadores e de impacto, o Caminho Empreendedor, que aborda, através dos conceitos de inovação e design thinking o passo-a-passo da vida de uma organização ao desenvolver um negócio inovador, encontrar um mercado sólido e conseguir escalar.

Jornada de Aceleração

Dentre as atividades do Ciclo, a Jornada de Aceleração será a primeira a iniciar encontros com os 21 empreendimentos anunciados como participantes. Serão realizadas visitas a todos durante o mês de março, para uma reunião de trabalho com os representantes da organização, dos conselhos gestor e fiscal, além de outros integrantes ou colaboradores. Segundo o membro da equipe técnica do Desafio, Paulo Cabral, na ocasião será realizada a apresentação da proposta da Jornada, a validação do diagnóstico da organização elaborado pela Conexsus e a Semente, a assinatura de um termo de cooperação, com a definição uma proposta de trabalho junto ao empreendimento.

Visita realizada à COOPERAPOMS – Cooperativa de Produção e Comercialização da Rede Apoms, no Mato Grosso do Sul

Visita à Coomafitt -Cooperativa Mista de Agricultores Familiares de Itati, Terra de Areia e Três Forquilhas, no Rio Grande do Sul

Visita à Coopafasb – Cooperativa da Agricultura Familiar de Sete Barras, em São Paulo

O planejamento da Jornada prevê três encontros presenciais das organizações participantes a cada 60 dias com a Conexsus, parceiros e especialistas, de abril até agosto de 2019. Durante o período haverá o acompanhamento constante por uma dupla de consultores especializados (da Conexsus e da Semente), além de tutoria à distância, realizada também a cada 60 dias, reuniões intercaladas com o Grupo de Acompanhamento e Aprendizagem e webinars de apoio com especialistas.

Paulo explica que a ideia é desenhar e desenvolver a Jornada à medida que os encontros e atividades previstas vão sendo realizadas e avaliadas, a partir dos insumos colhidos e resultados obtidos. “Assim pretendemos gerar conhecimento que possa ser compartilhado, com o desenvolvimento de protótipos, soluções e ferramentas que poderão ser testadas e se tornar úteis a outras organizações comunitárias. Nossa estratégia é olhar também para casos concretos, suas realidades, seus potenciais e entender quais caminhos e ferramentas utilizaram”, explica.

Laboratório de Modelagem de Negócios
Estruturar negócios comunitários sustentáveis para repensar novas formas de crescimento e para que eles posicionem-se de maneira mais estratégica nas cadeias produtivas é a proposta do Laboratório de Modelagem de Negócios Comunitários Sustentáveis. Segundo o integrante da Conexsus, Pedro Frizo, essa parte do Ciclo de Desenvolvimento irá abranger 30 empreendimentos da Amazônia, com prioridade para os localizados em Unidades de Conservação de Uso Sustentável.

Entre maio e setembro, serão realizadas três oficinas na Amazônia, com duração de três dias, para abordar temas como capital de giro, gestão, logística e outros aspectos relacionados aos modelos de negócio e às cadeias produtivas. “Os eventos serão conectados entre si e incluirão também o conhecimento já acumulado por organizações de apoio ao desenvolvimento socioambiental, que oferecerão suporte para a continuidade das ações. O foco do laboratório é na fase inicial de estrutura dos negócios, com a promoção de soluções para barreiras logísticas, de recursos humanos e financeiros”, explica Pedro.

Abrangência territorial do Projeto Lira, na Amazônia Legal

Os critérios para definir os participantes estão em desenvolvimento, mas uma das prioridades é buscar organizações que participem de cadeias produtivas que apresentem aspectos que precisam ser desenvolvidos e que representam gargalos, de maneira geral, para os demais negócios comunitários sustentáveis da Amazônia. A iniciativa tem parceria com o Projeto Legado Integrado da Região Amazônica (Projeto “Lira”), realizado pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), Moore Foundation e Fundo Amazônia. O Projeto Lira tem como objetivo contribuir para ampliar a consolidação e a efetividade de gestão em áreas protegidas da Amazônia Legal. Tem como beneficiários povos tradicionais, extrativistas, agricultores e aquicultores familiares da região.

“A parceria é importante para consolidar a atuação da Conexsus nessas áreas prioritárias, o que passa por frentes como a gestão de territórios e a consolidação de cadeias produtivas e desenvolvimento econômico que sejam sustentáveis”, avalia Pedro. O Projeto Lira tem foco amplo no desenvolvimento sustentável territorial, envolvendo dimensões normativas, histórico e informações sobre políticas públicas.

Histórico do Desafio Conexsus
Em maio de 2018, o Desafio Conexsus iniciou suas atividades com um mapeamento nacional de empreendimentos que se dedicam ao uso sustentável do solo e dos recursos naturais e contribuem para a preservação do meio ambiente e da sociobiodiversidade, como cooperativas e associações de produtores que geram receita, trabalho e renda para as comunidades. São negócios que atuam em cadeias produtivas como as relacionadas à alimentação saudável e sustentável, agrofloresta, sociobiodiversidade e extrativismo, pesca artesanal sustentável, manejo florestal comunitário e turismo de base comunitária.

Até o final de julho, foram coletadas informações sobre mais de mil negócios comunitários sustentáveis, que estão disponíveis no site do Desafio – www.desafioconexsus.org. Uma grande parte dos dados coletados está disponível para consulta online na plataforma, que oferece possibilidades de busca, segmentação e análise de informações sobre as organizações e o ecossistema associado, além de oferecer e divulgar novas oportunidades para o avanço de iniciativas de promoção e desenvolvimento de empreendimentos comunitários. O cadastro online permanece aberto para organizações que desejam fazer parte da rede.

Oficinas regionais foram realizadas de junho a ou outubro em treze cidades do Brasil, abrangendo todas as regiões e biomas. Foto: Samara Souza

Entre os meses de junho e outubro, foi realizado um ciclo com 13 oficinas regionais distribuídas pelo Brasil, com o objetivo de aprofundar os conhecimentos e promover a interação entre as organizações. A etapa seguinte, entre outubro e novembro, possibilitou uma análise mais detalhada dos negócios comunitários sustentáveis, a partir da aplicação de uma metodologia específica de análise de negócios comunitários sustentáveis por meio de entrevistas e visitas de campo.

Agora, ao longo de 2019 será realizado o Ciclo de Desenvolvimento. Ao final desse processo, a expectativa é que o conhecimento e as informações geradas, bem como as trocas de experiências e ações conjuntas realizadas sejam fontes de informação e inspiração para desenvolver mais soluções inovadoras, compartilhadas e em rede para os negócios comunitários sustentáveis.