Diversidade de empreendimentos é destaque na última oficina do Desafio Conexsus 2018

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Atividades aconteceram em Brasília (DF) e reuniram organizações de cinco estados e do Distrito Federal

Oficina de Brasília teve diversidade de perfis dos empreendimentos.

Ao longo das 13 Oficinas de Negócios Comunitários Sustentáveis do Desafio Conexsus por diferentes regiões do Brasil em 2018, a diversidade de cadeias produtivas e de perfis de empreendimentos foi uma constante. A última delas, que aconteceu em Brasília (DF) nos dias 2 e 3 de outubro, refletiu e condensou essa característica ao reunir organizações de agricultores familiares, extrativistas, quilombolas e assentados em programas de reforma agrária. A oficina permitiu o encontro de ooperativas e associações de localidades que ficam além da cidade de realização da atividade e também parceiros que construíram a iniciativa em conjunto com a Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis.

Foram 20 organizações dos estados de Goiás, Tocantins, Ceará, Pará, Acre e do Distrito Federal participando das atividades. “Ter proporcionado uma troca relevante entre organizações tão diversificadas em localidade – do Norte, Centro-Oeste, Nordeste – com realidades culturais e estágios de desenvolvimento diferentes, desde as em fase inicial até as mais estruturadas e consistentes, já foi um passo importante que reflete esse trabalho de dois meses e meio de oficinas pelo Brasil”, destaca o diretor executivo da Conexsus, Valmir Ortega.

Valmir Ortega, da Conexsus, fala sobre os diferentes perfis de organizações da oficina de Brasília.

A secretária Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Lilian Rahal, que participou da oficina em Brasília, acredita que esse encontro serve para que as organizações se conheçam e tracem o que precisa ser construído no âmbito da agricultura familiar e da sustentabilidade, principalmente. “É uma excelente oportunidade de estabelecer parcerias e boas conexões para que as políticas públicas de fato possam ser efetivas aos públicos aos quais elas se destinam”, comenta.

Para Lilian Rahal, do MDS, o diagnóstico realizado pela Conexsus é importante para saber qual foco as políticas públicas devem adotar.

A secretária de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Juliana Ferreira Simões, concorda e complementa. “Além do grande diagnóstico desses empreendimentos que utilizam produtos da sociobiodiversidade, gerado pela Conexsus, o Desafio permite que pessoas e organizações se conheçam e troquem experiências entre si. No futuro, elas podem compartilhar com outras organizações, criando um círculo positivo de trocas, conexões e cooperação que vai ser bem positivo”.

Modelo de Negócio em pauta

São três os eixos temáticos principais abordados e trabalhados em conjunto durante as oficinas: Finanças, Comercialização e Modelo de Negócio. O último assunto costuma ser o que mais gera dúvidas entre os participantes, pela falta de proximidade com o termo e, principalmente, com o que ele significa. A diretora de operações da Conexsus, Carina Pimenta, compara o modelo de negócios à administração de uma casa. Cada família tem seu modo próprio de gestão, que não é inerte, ou seja, se altera conforme as necessidades e evoluções ao longo do tempo. No mundo dos negócios comunitários sustentáveis, o mesmo acontece.

Carina Pimenta, da Conexsus, e o conceito de modelo de negócio.

A pergunta que deve ser feita pelas organizações é: que resultados pretendemos gerar para a sociedade e o que nos difere das demais organizações? A reflexão, nem sempre explícita, sobre as escolhas que o empreendimento está fazendo na forma de operar é essencial para pensar no modelo de negócio ideal”, explica ela.

Durante a oficina, a integrante da Associação dos Agricultores Ecológicos (AGE), Teresa Cristina Correa, expôs aos demais empreendimentos a experiência acumulada em comercialização, mas ponderou sobre as diferenças no modelo de negócio entre uma e outra organização participante, o que também pode ajudar no desenvolvimento do negócio. A associação já passou por diferentes momentos ao longo de sua trajetória, alguns deles de recuo, com diminuição de pontos e de quadro social, o que mostra que a adaptação faz parte da construção do modelo. “A oficina em si foi boa para um nutrir a força do outro em continuar. Além disso, a orientação na parte de gestão e novas formas de aprimoramento, em especial nas áreas administrativa e financeira, foi boa para ver que novas possibilidades comerciais podem se abrir”, comenta.

Teresa Cristina Correa, da AGE, destaca a nutrição de forças proporcionada pela oficina.

Jovens empreendedores

A oficina em Brasília também trouxe um exemplo importante do envolvimento entre agentes incentivadores de profissionalização e desenvolvimento e grupos de empreendedores. A Agência de Desenvolvimento Econômico Local (Adel) atua com foco em comunidades rurais enfatizando a sustentabilidade da agricultura familiar, a formação de capital social e a permanência do jovem no campo. Ela mapeou uma das organizações participantes da oficina, a Cooperativa Caroá, que surgiu da união de jovens empreendedores individuais rurais do Ceará.

O papel da Adel foi ver pontos de sinergia e complementação, aproximando as forças e cadeias produtivas dos empreendedores até formar um arranjo produtivo formalizado, com a criação de uma cooperativa. Importante lembrar que, no caso da Caroá, são jovens do semiárido brasileiro, que vivem num contexto em que sair de lá é a primeira opção para a maioria”, contextualiza o diretor de desenvolvimento da Adel, Gláucio Gomes. Ele também explica que os maiores obstáculos para o desenvolvimento são humanos, quase emocionais, por isso é tão importante ganhar visão ao participar de iniciativas como o Desafio. “Eles precisam perceber que há uma rede de proteção e suporte de parceiros e outras organizações ao redor deles e que ela também é formada por pares, jovens agricultores que compartilham visão. Essa etapa de automotivação é fundamental para empreendedores em caso de resiliência”, completa.

Para um dos diretores da Caroá, que representou a cooperativa no evento, Vítor Esteves Vasconcelos, a experiência explicitou problemas que eles têm que resolver. “Levo uma bagagem excelente, foram mostrados desafios que temos que superar e caminhos que não tínhamos ideia de que deveríamos seguir, pois não tínhamos o poder de informação. A organização é um desses caminhos”, comenta.

O diretor de desenvolvimento da Adel, Gláucio Gomes fala da importância dos empreendedores saberem que há uma rede de proteção ao redor deles.

Participaram da oficina em Brasília os parceiros: Instituto Humanize, Moeda, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Adel, Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), MMA, União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Fundo Vale, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), MDS, Pão de Açúcar, por meio do Instituto GPA, Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), IPAM Amazônia, Central do Cerrado e Instituto Socioambiental (ISA).

“A Aprospera é fruto de um trabalho de rede. Eu sei que hoje, para ter algum resultado, só trabalhando em rede. Acredito que a partir da oficina vamos ter motivação comos exemplos demonstrados e com as conexões, vamos poder desenvolver cada vez mais o nosso trabalho”. Fátima Cabral – Associação dos Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera)

Desafio Conexsus 2018

A Oficina de Negócios Comunitários Sustentáveis faz parte de um ciclo de encontros que teve início em junho, em Belém (PA), e está sendo realizado em mais 12 cidades que reúnem, até outubro, representantes de todas as regiões brasileiras. Além disso, serão realizadas visitas técnicas a algumas organizações para compreender melhor o funcionamento e produção delas. Ambas as atividades devem abranger cerca de 300 participantes do Desafio Conexsus.

Os mais de mil negócios cadastrados na iniciativa, entre os meses de maio e julho, compõem o Mapa e o Panorama de Negócios Comunitários Sustentáveis no Brasil, aberto para consulta online pública pelo site www.desafioconexsus.org. As organizações interessadas em participar do Desafio ainda podem se cadastrar no site para acompanhar oportunidades futuras, bem como integrar a rede nacional de negócios comunitários sustentáveis que está em formação.

Uma das expectativas é que estes empreendimentos, os parceiros cocriadores da iniciativa e outras organizações que compõem esse ecossistema de negócios sustentáveis tornem-se uma rede ativa de fomento ao desenvolvimento sustentável, com a possibilidade de atrair e criar outras oportunidades além das já previstas para o Desafio Conexsus 2018.

Após a realização das oficinas, 70 participantes serão convidados a participar do Ciclo de Desenvolvimento de Negócios Comunitários Sustentáveis, que conta com uma jornada de aceleração, oficinas de modelagem de negócios, laboratório de soluções de acesso à comercialização e mercados, e laboratório de crédito e soluções financeiras.

São parceiros estratégicos da Conexsus: Good Energies Foundation, Grupo Pão de Açúcar, por meio do Instituto GPA, IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e Moore Foundation, Fundo Amazônia, Fundo Vale, Fundação Certi, GIZ /Cooperação Alemã para o desenvolvimento sustentável, Climate and Land Use Alliance (CLUA) e União Nacional das Cooperativas de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

São parceiros cocriadores do Desafio Conexsus: Associação dos Pequenos Agricultores do Oeste Catarinense (APACO), Central da Caatinga, Central do Cerrado, Comissão Nacional de Fortalecimento das Reservas Extrativistas Costeiras e Marinhas (Confrem), Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), ,Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) Coomafitt, Ecoa – Ecologia e Ação, Entrenós Planejamento Estratégico, Instituto Brasileiro de Desenvolvimento e Sustentabilidade (IABS), Instituto BioSistêmico (IBS), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),Instituto Centro de Vida (ICV), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável (IDESAM), Instituto para o Desenvolvimento Sustentável e Cidadania do Vale do Ribeira (IDESC),Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto Gaia, Instituto Peabiru, Instituto Terroá, Instituto Socioambiental (ISA), IPAM Amazônia, Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN), Pacto das Águas, Sentinelas da Floresta, SOS Amazônia  e Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ).

Participantes da Oficina de Negócios Comunitários Sustentáveis de Brasília