Evento que trata do lado humano da tecnologia realizou roda de conversa sobre conservação da biodiversidade e negócios comunitários sustentáveis
Mostrar como as tecnologias e o uso de dados podem ser úteis a iniciativas socis e ambientais, beneficiando o lado humano das ciências, foi um dos pontos principais da oitava edição do Festival Social Good Brasil, realizado nos dias 31 de agosto e 1º de setembro em Florianópolis (SC).
A Conexsus – Instituto Conexões Sustentáveis esteve presente no evento, com a participação de seu diretor-executivo, Valmir Ortega, em uma roda de conversa sobre conservação e negócios comunitários sustentáveis e em um painel sobre uso de dados, ambos em conjunto com o Instituto Humanize.
O Festival Social Good Brasil é uma realização do Social Good Brasil (SGB), organização de tecnologia focada em transformação social que realiza programas de desenvolvimento humano e tecnologias exponenciais, agregando lideranças conectadas a inovação social, fundações, empresas, empreendedores e mentores. Nesta edição do evento, a pergunta chave foi “Na era das tecnologias exponenciais, o que é ser humano?”.
O conceito do Desafio Conexsus, os objetivos e a metodologia utilizada para compor o Mapeamento e o Panorama dos Negócios Comunitários Sustentáveis no Brasil, apresentados pela Conexsus durante o evento, contribuíram para para provar que os dados podem gerar muito mais do que gráficos frios, uma vez que ajudam a traduzir a realidade de uma parcela significativa da sociedade.
“Com o Desafio, estamos buscando uma informação que retrata a leitura que essas comunidades têm de suas vidas, do seu jeito de produzir e de pensar. Houve um bom equilíbrio entre ter uma abordagem a perspectiva, mas feita com uma ferramenta de tecnologia que facilite o diálogo e a aproximação. Isso tem funcionado na plataforma que nos propusemos a desenvolver”, explica
Ortega. Desde maio, o Desafio Conexsus vem cadastrando organizações socioambientais comunitárias com foco em sustentabilidade que estejam inseridas em cadeias produtivas de base.
Já foram mapeadas mais de mil iniciativas cuja análise de perfis deu origem ao Panorama, que pode ser consultado online. Durante a roda de conversa, realizada na Sala Humanize do Festival, Ortega falou sobre a metodologia de coleta de dados utilizada no mapeamento, sobre a necessidade de que essas informações existam, sejam alimentadas constantemente e permaneçam disponíveis para a população e sobre a relação entre iniciativas como a Conexsus, que busca a criação de uma rede entre essas organizações, e os negócios mapeados.
Exemplos de boas práticas nas comunidades
A gerente de sustentabilidade do Instituto Humanize, Márcia Cortes, falou durante o encontro sobre a experiência do Instituto, que, com base na sustentabilidade e equidade social, provém subsídios
para instituições que se dediquem a esses eixos. De acordo com ela, o primeiro passo para uma relação forte e de troca com a comunidade é criar um laço de confiança.
Para isso, é primordial identificar os atores em conjunto, trabalhar com e para a comunidade, sem impor uma maneira de pensar. “Depois dessa primeira etapa, é importante ter a sensibilidade pra ver as demandas da comunidade e perceber a melhor forma de contribuir, equilibrando o conhecimento que você vai levar, mas também sabendo aprender e ouvir o conhecimento local que é imenso e riquíssimo”, comenta.
Como exemplo, Cortes falou sobre a iniciativa do Humanize que permitiu que uma comunidade de
catadores de caranguejo no mangue amazônico aumentasse sua geração de renda com uma
medida simples: a mudança no transporte dos animais coletados até o local de venda. Antes, eles
eram armazenados em sacos, o que fazia com que apenas 30% chegassem vivos para a
comercialização. Com o armazenamento em basquetas e os caranguejos um ao lado do outro, essa
porcentagem subiu para 90%.
Trocas com os participantes
Um dos questionamentos dos participantes foi sobre o método utilizado para localizar e mobilizar
as organizações mapeadas e, posteriormente, participantes do Desafio Conexsus. Valmir Ortega
explicou que o apoio dos parceiros cocriadores foi essencial nesse processo, pela proximidade com
as organizações em âmbito regional. Além disso, o acesso a dados de mapeamentos mais antigos
também foi importante, assim com o trabalho massivo da equipe da Conexsus para tentar entrar
em contato com os negócios. Foram cerca de 10 mil nomes de organizações localizadas, três mil
com contato realizado para, então, ter mapeadas mais de mil entidades.
Um dos participantes foi Gaston Santi Kremer, que é envolvido com empreendedorismo social há
mais de cinco anos e hoje trabalha na WTT – World-Transforming Technologies, fundação que
busca criar negócios de impacto centrados na inovação tecnológica e que possam gerar soluções
para grandes desafios sociais e ambientais. Ele comenta sobre a importância de haver dados vivos
no ecossistema do empreendedorismo social, como está sendo feito pelo Desafio. “Ninguém
conhece melhor os desafios dessas comunidades do que elas mesmas, então achei muito
interessante ver, a partir desse mapa vivo, a possibilidade de cocriar soluções em conjunto entre os
saberes locais, as empresas e os empreendedores. O encontro desses desafios locais com as
soluções tem que ser mediado, e é esse o papel que vemos na Conexsus”, opina.
Tecnologias para desenvolvimento socioambiental
Mediado pelo SGB, o diretor-executivo da Conexsus Valmir Ortega participou de painel sobre o
Laboratório SGB, que buscou reunir entidades que têm projetos direcionados ao uso de dados para
impacto positivo para se conectar e discutir o assunto entre si. Além da Conexsus, em conjunto
com o Humanize, compartilharam suas iniciativas com o público a Tetefónica, a Fundação Grupo
Boticário, ENGIE e Instituto C&A.
Para Ortega, foi importante participar do Festival para ter contato com organizações focadas no
trabalho com coleta de dados e informação qualificada, como a que o Desafio Conexsus busca
reunir. “Aqui tivemos a oportuniade de intercambiar experiências e de dialogar com organizações
que tem uma abordagem diferente da nossa, e que podem auzxiliar na formação dessa rede de
parceiros cocriadores. E, dessa forma, ajudar a gerar soluções adequeadas para esse tipo de
organização ambiental mapeada, de base comunitária”, afirma.