Produtores, empresas, organizações e instituições que atuam na área socioambiental participaram do evento
Na última terça-feira (22), Dia Internacional da Biodiversidade, foi oficialmente lançado em São Paulo (SP) o Desafio Conexsus 2018. Representantes de instituições, empresas, organizações e produtores da sociobiodiversidade brasileira estiveram presentes no evento de apresentação da iniciativa.
A partir de agora, o Desafio vai receber cadastros de negócios comunitários sustentáveis de todo o Brasil, que atuam nas cadeias produtivas da alimentação saudável e sustentável, da produção agroflorestal, do extrativismo, de produtos da sociobiodiversidade e da pesca artesanal sustentável. As organizações cadastradas farão parte de um mapeamento e um panorama sobre estes tipos de negócios no país e poderão participar de oficinas e programas de capacitação e desenvolvimento.
Também participaram da apresentação os parceiros estratégicos do Desafio: Good Energies Foundation, Instituto Grupo Pão de Açúcar, IPÊ – Instituto de Pesquisas Ecológicas e Moore Foundation, Fundo Amazônia, Fundação Certi e GIZ – Cooperação Alemã para o desenvolvimento sustentável.
Após a apresentação da iniciativa, parceiros e representantes de organizações comunitárias falaram sobre sua atuação e expectativas. Membro do comitê gestor da Fundação Good Energies, Anamaria Schindler, lembrou do papel da fundação como investidor semente na Conexsus. “Todas as vezes que eu penso no Desafio Conexsus, penso na missão da Good Energies, que é o alívio da pobreza causada pelo impacto de mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis. Então não há nada mais significativo que o que está sendo lançado aqui”, comentou.
A diretora de Investimento Social e Sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar, Susy Yoshimura, disse que há cerca de um ano e meio o grupo iniciou um processo de revisão para ressignificar o investimento social da marca e, em busca de soluções, iniciou a parceria com a Conexsus. “Pela trajetória do GPA, que na década de 90 começou a comercializar orgânicos, no começo do ano 2000 lançou a linha Caras do Brasil e tem processos de rastreabilidade e diversas linhas de produtos comercializados com este perfil, percebemos que trabalhávamos essa frente como modelo de negócio, mas quase que de forma passiva. Precisamos fazer mais”, disse.
Para o secretário executivo da Central do Cerrado, Luiz Carazza, a interação com a Conexsus é muito importante para as organizações de base comunitária. “Elas são formadas por produtores familiares ativistas, historicamente excluídos dos processos econômicos e de uma série de oportunidades. Temos um desafio enorme nessa interação com o mercado e o que está sendo proposto aqui é o sonho de muitas organizações, ter acesso a assistência técnica qualificada e ao crédito. Vemos com bons olhos estas conexões, em que compartilhamos sonhos e conhecimento”, falou.
O presidente da Central da Caatinga, Adilson Ribeiro, também destacou a capacitação e o acesso à comercialização como uma das principais frentes da atuação da Conexsus. “Eu sempre digo que quando a gente compra de um produtor de lá do interior, esse produto tem uma história, é diferente. Esse produto ajuda famílias que muitas vezes estão em uma condição vulnerável e ajuda a melhorar a qualidade de vida dessas pessoas”.
Para marcar o início da jornada, foi oferecido aos convidados um jantar sensorial preparado com ingredientes da sociobiodiversidade brasileira, fornecidos diretamente por pequenos produtores, associações e cooperativas, como as que fazem parte dos parceiros Central da Caatinga e Central do Cerrado.
O menu foi assinado pela chef que faz parte do movimento Slow Food, Claudia Mattos, do Espaço ZYM, que também conduziu a experiência sensorial. “A proposta para o evento foi celebrar a comunhão entre o homem, o campo e essas jóias, que são os ingredientes da nossa terra, e honrar aqueles que trabalham para que esses alimentos cheguem até a nossa cozinha e a nossa mesa. A iniciativa da Conexsus é incrível, porque valoriza essa conexão entre as pessoas e a biodiversidade”, comentou a chef.
Os convidados degustaram os pratos de olhos vendados, sem talheres e ao som da Floresta Amazônica, captado pelo projeto Providence, do Instituto Mamirauá, que monitora em tempo real a fauna na floresta. “Criamos essa experiência inusitada para marcar o lançamento do Desafio Conexsus, com um menu preparado com ingredientes da sociobiodiversidade brasileira, com novas formas, texturas, aromas e harmonizações. Escolhemos a matéria-prima da produção agroecológica ou orgânica, de valorização da terra e das suas relações”, disse a diretora de operações da Conexsus, Carina Pimenta.
O evento contou também com uma atração musical: o cantor, compositor e pesquisador maranhense Tião Carvalho, que tem atuação reconhecida na valorização e expressão da cultura popular brasileira.
O Desafio tem como objetivo desenvolver, no período de um ano, soluções para ampliar a comercialização, o acesso ao crédito e a outros instrumentos financeiros adequados a negócios comunitário sustentáveis. “Queremos ativar e fortalecer os ecossistemas de promoção de negócios sustentáveis com a combinação de recursos de fomento e financiamento em novos arranjos produtivos. Com isso esperamos contribuir para a transição para uma economia de baixo carbono e para o fortalecimento da resiliência territorial. Por isso decidimos lançar o Desafio no Dia da Biodiversidade”, explicou o diretor executivo da Conexsus, Valmir Ortega.
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