
Durante o painel “Future of Sociobioeconomy – COP30 Special Envoy for Bioeconomy”, realizado na COP30, a diretora executiva da Conexsus, Fabíola Zerbini, destacou a urgência de incluir formalmente a sociobioeconomia na agenda climática global como um pilar essencial da transição justa.
O painel contou ainda com a participação de Wanjira Mathai (Managing Director for África and Global Partnerships, WRI), Marco Lambertini (Secretariat Chair, Nature Positive Initiative), Elizabeth Yee (Vice-Presidente de Programas, The Rockefeller Foundation) e Carina Pimenta (Secretária de Bioeconomia do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima), sob moderação de Marcelo Behar, Enviado Especial pra Bioeconomia da COP30.
Além de defender a centralidade da sociobioeconomia, Fabíola destacou a força do movimento Sul–Sul reunido na COP30. Ela lembrou que mais de 60 organizações do Sul Global, incluindo mais de 20 na Indonésia, redes africanas e representantes de cerca de 200 comunidades indígenas no Pan-Amazônico e no Brasil, estão coletivamente apoiando a Declaração Sul–Sul sobre Sociobioeconomia. Para ela, essa articulação demonstra que o tema deixou de ser periférico e passou a constituir um eixo estratégico compartilhado por países e povos que enfrentam desafios semelhantes.
“Precisamos desafiar a narrativa que coloca a sociobioeconomia como algo marginal ou de nicho. Economia é sempre economia. Se as soluções sociais e biológicas estão à margem, o problema não é econômico — é político e cultural”, afirmou Zerbini.

A diretora ressaltou que o reconhecimento da sociobioeconomia como parte estrutural da agenda de clima é indispensável para fortalecer as comunidades que já enfrentam os impactos da crise climática e, ao mesmo tempo, oferecem soluções concretas de mitigação e adaptação. “As pessoas e territórios que mais sofrem com os eventos extremos são justamente aqueles que trazem respostas reais, mas continuam sozinhos. Menos de 2% das finanças climáticas chegam até eles”, alertou. “Essas comunidades estão criando soluções porque precisam sobreviver. A sociobioeconomia é, portanto, um instrumento de governança e de transição climática justa”, afirmou.
Em sua fala, Zerbini também enfatizou a necessidade de internalizar os custos sociais e ambientais nas cadeias produtivas e nos preços globais, defendendo um modelo econômico que reconheça os serviços ecossistêmicos prestados pelas comunidades locais. “Não estamos falando de um preço mínimo, mas de custos reais — ambientais e sociais — que precisam ser incluídos nas decisões de mercado”, disse.
Para Fabíola, o momento vivido na COP30 representa um ponto de virada: “Esta COP é o ponto de partida para trazer a economia da transição para o centro dos debates. Precisamos olhar para a sociobioeconomia como solução climática, como pilar para a agricultura, a indústria e para o futuro que queremos construir.”