Nova publicação da Conexsus e Fundação CERTI explora conexões entre inovação e negócios comunitários da sociobioeconomia

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Resultado do Workshop “Inovação e negócios comunitários: Como aproximar e conectar os ecossistemas?”, realizado em Manaus este ano, as instituições lançam um documento que fornece diretrizes para a aproximação entre Ecossistemas de Negócios Comunitários (ENC) e Ecossistemas de Inovação (EI)

A publicação “Inovação e negócios comunitários da sociobioeconomia: Como aproximar e conectar ecossistemas” tem como objetivo direcionar ações futuras que fortaleçam a economia da sociobiodiversidade, promovendo a conexão e colaboração entre Negócios Comunitários de Impacto Socioambiental (NCISs) e agentes de inovação para gerar valor a todas as partes, com base em uma visão positiva sobre os pontos fortes e o potencial dos envolvidos. O documento, apesar de ter sido produzido com olhar no contexto da Amazônia, pode orientar a colaboração entre atores em qualquer bioma. Financiada pelo Fundo Vale e BID Lab,  a publicação pode ser acessada aqui

No Workshop que originou a publicação, realizado no primeiro semestre de 2024 com participação de mais de 50 pessoas, entre elas representantes de cooperativas, associações de impacto socioambiental, organizações e agentes de inovação, ficou claro quanto  o distanciamento atual entre ENC e EI aparece  em diversos aspectos, como nas diferenças de contextos, linguagem e práticas. Por outro lado, converge  as intenções quanto às oportunidades desta colaboração. 

“Entendemos que diversas soluções inovadoras podem florescer dessa conexão, porém ainda presenciamos no setor poucos casos de relacionamento estratégico e perene entre esses atores. Além disso, as iniciativas não aterrissam totalmente na realidade das comunidades da Amazônia e de seus empreendimentos”, observa Pedro Frizo, Diretor de Operações da Conexsus.

Ecossistemas de negócios de impacto socioambiental

Em um contexto de aquecimento global, fortalecer as economias da sociobiodiversidade ganha força não apenas como uma estratégia de mitigação das mudanças climáticas, mas também de posicionamento do Brasil na liderança de uma economia baseada no uso inteligente da biodiversidade, com impacto socioeconômico e ambiental positivo. Para isso é fundamental manter o diálogo com instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), centros de ensino, startups, entre outras organizações de apoio, como foi o caso do evento que criou as bases para o texto. “A inovação pode atuar como um vetor de desenvolvimento para as comunidades, promovendo ganhos de produtividade, agregação de valor aos produtos, redução de custos e a integração de novas tecnologias. Construir pontes entre pesquisadores e empreendedores da Amazônia, e os saberes ancestrais das comunidades e povos originários é um passo essencial  para alcançar a valorização da floresta em pé”, pontua Janice Maciel, gerente de Economia Verde da Fundação CERTI. 

Ouvir os ecossistemas, em uma metodologia de cocriação com negócios comunitários e agentes de inovação, foi fundamental para construir o conjunto de diretrizes que, de maneira estruturada, pode auxiliar no desenho e implementação de estratégias, programas e iniciativas que busquem justamente trabalhar com o tema da inovação em sociobioeconomia de forma inclusiva, participativa, responsável e eficiente. 

Conciliação entre Ecossistemas de Negócios Comunitários e de Inovação

O texto mostra que para uma aproximação eficaz dos dois ecossistemas discutidos é essencial: ampliar a visão; reconhecer a importância dos saberes dos negócios comunitários; oportunizar uma colaboração mais equitativa entre os atores; alinhar linguagem e conceitos-chave, além de envolver intencionalmente jovens e mulheres nos projetos. A comunicação acessível e transparente, aliada a recursos financeiros estruturantes, são condições básicas para o sucesso das iniciativas de inovação colaborativa.

Um caminho possível para esta aproximação é apresentado com mais detalhes na publicação e inclui os seguintes passos:

  1. Sensibilização: Promover a compreensão mútua através de intercâmbios, visitas de campo, workshops de integração, e engajamento da juventude e das lideranças femininas;
  2. Reconhecimento de Oportunidades: Utilizar investigação apreciativa, sessões de mapeamento participativo, e busca por valor mútuo;
  3. Priorização de Temas: Conduzir sessões de ideação e validação com matrizes de priorização;
  4. Definição de Fluxos de Informação: Criar espaços de interação e troca, acordos de colaboração, ritos de comunicação e processos de feedback contínuo;
  5. Co-desenvolvimento de Soluções: Utilizar prototipagem, projetos piloto e laboratórios de experimentação;
  6. Participação Justa nos Resultados: Garantir a distribuição de valores, métricas de avaliação, e transparência financeira;
  7. Colheita de Aprendizados e Escala: Documentar sistematicamente, realizar sessões de reflexão, formar comunidades de prática e compartilhar experiências.