Iniciativa visa estruturar arranjos comerciais sustentáveis, promover valor compartilhado e fortalecer a sociobioeconomia brasileira
O Instituto Conexões Sustentáveis (Conexsus) lançou no dia 12 de junho o Programa Mercados Responsáveis (PMR), uma iniciativa estratégica voltada à criação de conexões comerciais sustentáveis entre negócios comunitários e compradores do setor público e privado. O lançamento ocorreu na Feira NaturalTech, em São Paulo, com estande expositivo e um painel temático com especialistas do setor.
“O Programa Mercados Responsáveis busca catalisar soluções para viabilizar compras responsáveis de produtos da sociobiodiversidade brasileira”, afirma Mateus Rocha, coordenador do programa.
A proposta do PMR integra os esforços da Conexsus para ativar sistemas de impacto socioambiental com base comunitária, por meio de alianças e arranjos territoriais que contribuam para a conservação dos biomas e a geração de renda justa no campo.
Fabíola Zerbini, diretora executiva da Conexsus, destaca a importância estratégica do programa:
“Mais de 50% das áreas protegidas da Amazônia estão sob os cuidados de povos e comunidades tradicionais, povos indígenas e beneficiários da reforma agrária. Quando incluímos os agricultores familiares, esse número chega a 60%. Dar viabilidade econômica e governança territorial a essas populações é essencial para enfrentar a crise climática.”
O PMR está estruturado em dois eixos principais:
Oferece orientação técnica, ativação de soluções e sistematização de dados, com foco na melhoria do desempenho comercial dos negócios da sociobiodiversidade.
Atua no estímulo ao ecossistema comprador, identificando, engajando e acompanhando empresas e instituições públicas interessadas em práticas de aquisição sustentável.
“A atuação da Conexsus no acesso a mercados visa ampliar a comercialização responsável, promovendo cadeias de valor justas, com base na economia solidária e no uso sustentável da terra”, complementa Rocha.
Juliana Oler, gerente de sustentabilidade da Oakberry, compartilhou o compromisso da empresa com a cadeia produtiva sustentável do açaí:
“Compramos 98% do açaí de cooperativas extrativistas, principalmente do Marajó e Baixo Tocantins. Olhamos para o desenvolvimento territorial e coletivo. A expansão da cadeia deve respeitar valores culturais e agregar valor aos produtores.”
Ela reforçou a importância do empoderamento das cooperativas:
“Não se pode obrigar empresas a realizar compras responsáveis, mas é possível empoderar cooperativas para que escolham com quem negociar.”
Dados do Desafio Conexsus (2018 e 2019)mostram o panorama dos negócios comunitários (NCs):
“Nem todo NC consegue fornecer isoladamente. O PMR trabalha para estruturar arranjos comerciais sustentáveis, com papéis bem definidos, superando desafios como a logística e o acesso a capital de giro”, explica Rocha.
Alexandre Lage, gerente comercial da Central do Cerrado, ressaltou a falta de pesquisa e crédito para negócios comunitários:
“Muitas vezes não há sequer estudos sobre os alimentos que produzimos, o que dificulta até elaborar uma tabela nutricional. Falta crédito para ousarmos e expandirmos.”
Monique Fascina, da Greentech, relatou o sucesso do uso da casca de juá no desenvolvimento de um produto contra caspa:
“Essa inovação foi possível graças à parceria com a Cooperativa Grande Sertão, no Cerrado mineiro. É impossível construir sozinho.”